Working conditions ON SET - Camerimage 2019 - PSC

No Camerimage 2019 reuniram-se representantes de 14 associações de diretores de fotografia para debater propostas que contribuam para melhores condições de trabalho na indústria cinematográfica e para a qualidade de vida dos profissionais. A iniciativa partiu da associação polaca PSC – Polish Society of Cinematographers - confrontada com o abandono de profissionais de excelência na área de imagem, devido ao aumento de precariedade a nível laboral e falta de segurança no trabalho. Poder-se-ia dividir os participantes em várias categorias tendo em conta a segurança no local de trabalho, o respeito pelos horários, honorários, a precariedade em tempos de descanso. Em jeito de sumário seguem alguns apontamentos referidos por cada país, a começar por aqueles cujo exemplo seria salutar seguir:
USA
- Grande força e poder dos sindicatos
- Formações de segurança no trabalho às equipas
- Sindicatos negoceiam os contratos, específicos para diferentes áreas (tv, cinema, publicidade)
-Acordos renováveis a cada 3 anos
- Segurança é a maior preocupação
- Criaram a aplicação ICG Safety com as regras de segurança (safety guidelines-app), download aqui para iOS ou Android
REINO UNIDO
- Boas condições
- Nomeiam um porta-voz na equipa para garantir as condições de trabalho e segurança durante a rodagem
DINAMARCA
- Boas condições a nível de horários, honorários e segurança social
- Director de Fotografia e Realizador partilham co-autoria
FRANÇA
- 360 filmes em sala por ano
- 500 filmes para televisão
- Boas condições a nível de horários, honorários e segurança social
- Acordos em televisão são respeitados em cinema nem sempre
ALEMANHA
- Sentimento de frustração pelas condições do sindicato generalista
- Produtores desrespeitam acordos
- Vão criar um sindicato específico para os intermitentes do audiovisual
- Direitos de autor estão a ser debatidos
PORTUGAL
- Ausência de contratos
- Reduzir a prática da semana de 6 dias
- Falta de tempo adequado e remunerado devidamente na pré e pós-produção
RUSSIA
- Página no Facebook da Rússia “Fighting for the Light” para denunciarem produtores que propõem trabalho abaixo das tabelas salariais
SLOVAKIA
- Inexistência de associação
- Precaridade a todos os níveis
ESTÓNIA
- Produtores não investem em pré-produção
- Atrasos, excesso de horas, sem limite regulamentado
- O mercado usa poucos freelancers, preferem-se profissionais contratados pelas empresas (contratos de 3 anos)
- Chefes electricistas conseguiram lutar por boas condições
- Sem Segurança Social
ESPANHA
- Crise económica instaurou precaridade e desregulamentação generalizada
- Recentemente faleceu maquinista e outro ficou hospitalizado, devido a acidente de trabalho ocorrido na rodagem de uma publicidade
ESLOVENIA
- O Estado não apoia o cinema
- Honorários muito baixos
- Directores de fotografia têm direitos de autor reconhecidos mas são obrigados contratualmente a ceder esses direitos aos produtores
- Reduzir as 12 horas por dia
BÉLGICA
- Não tem sindicato
Resumindo, Dinamarca, Reino Unido, França, EUA, foram os países que referiram terem boas condições com acordos de trabalho que funcionam. O resto dos países de forma geral, enfrentam várias dificuldades, horas a mais, remunerações baixas e falta de segurança. A ausência de sindicatos e vontade colectiva, são os maiores obstáculos a um mercado equilibrado e justo.
A profissão do director de fotografia está a mudar, há cada vez mais opções nas decisões finais o que leva a uma necessidade de mais e melhor comunicação durante todo o processo. Há que abraçar os softwares de partilha colectiva para as diferentes fases da produção. E em jeito de partilha fica aqui o vídeo que Steven Polster partilhou com as possíveis consequências letais de operar câmara à mão dentro de veículos.
Em suma, na maior parte dos países quem está nesta profissão pratica-a por paixão, por “loucura”. Para que possamos manter profissionais experientes e dedicados na indústria durante largos anos, a criar bons filmes e outros produtos da imaginação, há que criar boas condições quer no trabalho quer na vida pessoal e familiar.